quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Água Brasil – O Aqüífero Guarani



Aqüífero Guarani: o Brasil possui a maior cisterna do mundo
Além de possuir o rio mais caudaloso do mundo, o Amazonas, entre outros os grandes rios, o Brasil está assentado sobre a maior cisterna de água doce do mundo, o Aqüífero Guarani.
O aqüífero tem 1,2 milhão de km2 de área linear, o equivalente à soma dos territórios da Inglaterra, França e Espanha. A espessura dessa manta de água varia 100 metros a 130 metros em algumas regiões.
Ele foi batizado com esse nome por um geólogo do Uruguai, Danilo Anton, em memória do povo indígena da região. Antes do novo nome, ele era chamado no Brasil de Aqüífero Botucatu.
Dois terços do aqüífero (840 mil km2) estão em território brasileiro e o restante dividido entre o Paraguai e Uruguai (com 58.500 km 2 cada um) e Argentina (255.000 km2). No Brasil, ele está sob os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O Aqüífero Guarani, a maior cisterna natural de água doce do mundo, localiza-se sob os territórios do Brasil, Paraguai e Uruguai. Acredita-se que o volume de sua água seria capaz de abastecer o dobro da população brasileira atual, cerca de 360 milhões de pessoas.
O aqüífero é uma manta de rocha porosa, que se encharca de água da superfície e a filtra, o que permite que ela seja puxada pela força da gravidade. Em algumas áreas, essa camada de rocha aflora na superfície, como uma espécie de filtro captador exposto.
A área de reposição (captação), pela qual a água entra no aqüífero, é de apenas 150 mil km2. A recarga natural do aqüífero ao longo de um ano é de 160 km3 de água e, desse total, calcula-se que 40 km3 (40 bilhões de litros) podem ser usados a cada ano, sem comprometer o aqüífero.
Na área em que se estende para o sul do Brasil, uma outra camada de rocha, esta de origem basáltica (vulcânica), muita dura e pesada, cobre a manta porosa e funciona como uma tampa.
Puxada pela gravidade, essa rocha basáltica faz tanta pressão sobre a água que, às vezes, ao se perfurar um poço nessas regiões, não é preciso utilizar bombas para puxar a água, que sobe ou esguicha sozinha.
O lençol de água nesses pontos pode chegar a 1,5 km de profundidade e, para furar a rocha com brocas de aço, é necessário um ano de trabalho. O resultado, apesar de tudo, é impressionante, pois nessas áreas a vazão de água chega a 700 mil litros de água por hora.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente paulista, há mil poços apenas no estado de São Paulo. Para governo paulista, a água subterrânea tem importante papel no abastecimento público de muitas cidades do estado.
Em 1997, cerca de 72% dos municípios paulistas era total ou parcialmente abastecidos por esse recurso hídrico; 47% deles eram inteiramente abastecidos por águas subterrâneas. Entre eles estavam os municípios de Catanduva, Caçapava, Ribeirão Preto, Tupã, Jales e Lins.
A maioria dos poços que explora o Aqüífero Guarani foi feita justamente onde ele é protegido apenas pela rocha porosa de arenito. Por isso, esses poços necessitam de proteção permanente na sua entrada, para evitar a contaminação por água com dejetos de animais ou com esgoto doméstico. Para evitar contaminação futura, os poços têm de ser lacrados quando o cano se estraga, o que ocorre ao redor de 30 anos de uso.
Nas regiões agrícolas, há a preocupação com relação aos adubos químicos, herbicidas e pesticidas, que podem entrar pela rocha porosa e contaminar a água subterrânea.
Para monitorar e regulamentar a retirada da água, os países onde se localiza o aqüífero iniciaram conversações sobre o assunto na década de 1990. Em fevereiro de 2000, um primeiro documento foi assinado pelos presidentes dos quatro países envolvido, em Foz do Iguaçu (PR). Em 22 de maio de 2003, foi assinado em Montevidéu, no Uruguai, o Projeto Aqüífero Guarani. No Brasil, o órgão de acompanhamento do aqüífero é a Agência Nacional de Águas.